segunda-feira, 23 de julho de 2012

1:42

Talvez este seja o meu talento, este aperto praticamente intolerável que advém de uma dor que, não sendo minha, me é demasiado familiar. Havia meses que não o via, saúdo-o agora como se de um velho amigo se tratasse. Com gosto: um pouco agridoce talvez, faca fria que rasga veias quentes. Deixo-me cair em pensamentos de inutilidade que me relembram a falta que realmente faço como ser que respira, que circula, que existe. Nenhuma, tenta convencer-me, e como uma moleza auto-infligida, nela acredito, finjo acreditar. Pois por mais peculiar que possa ser, é na minha mente um conforto de tão habituada a ela que estou. Mas tu, tu vês através de tudo, através da melhor máscara que ponho, a que já nem eu distingo de mim mesma, e sabes; chegaste até a dizer-me, sentados nas escadas, entre abraços e lágrimas, enquanto te contava o quão afastada estou desta realidade — é desta dor que eu gosto.

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