sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

cocktail

Surto de inspiração; vende a tua alma por isto, por estas cores, por este humor - só um, que momento de paz abismal...! Só eu, só eu e estas notas escrevinhadas no papel que tanto viu. Aumenta-se, o sono não acompanha a melodia, a melodia do viver, do descanso.
Parte, parte a fragilidade do meu ser neste momento que não é, desliza pela minha pele e deixa - o toque foge com a esperança de um novo amanhecer. Se pudesse rasgar a dor e seguir, atirá-la ao vento, ao mar, desfiá-la em cabelos de cetim, soprá-los no jardim de uma primavera envelhecida... Bate! Quero ouvir a porta, o vento, sentir a fragrância da espera que não acaba, o calor das pegadas na neve, no nevoeiro eterno. Eu quero desnascer. Ir-me embora, sem sequer ter de me ir embora, navegar num navio espelhado no mar das esperanças perdidas de quem ultrapassou e fingiu esquecer. Faz de conta que não me viste, que nunca me viste, faz de conta como quando éramos pequenos e o mundo era demasiado grande para o nosso olhar. Esta vela está a apagar-se, a chama está a morrer - a falecer, se quisermos ser politicamente correctos. Mas ninguém é nada.
Perco-me num paradoxo, num círculo perfeito, ninguém é ninguém. Tu não és tu, e eu não sou eu, como disse que nunca iria não ser. O oposto da existência.

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