... Mas o que me custa mais em levar-te ao cais e regressar a casa, sozinha, é chegar a um lar vazio, ver os cobertores e os lençóis como os deixaste, quando saíste da cama, e puxá-los para cima numa tentativa de a fazer, enquanto as lágrimas me toldam a vista e escorrem pela cara por perceber que, apenas há uma hora, nela estavas deitado, e a almofada que sacudo ainda tem a forma da tua cabeça e o teu cheiro. Arrumo o quarto porque não posso deixar provas da tua presença, e entristeço-me mais porque elas são o que de mais importante lá se encontrava.
Tenho a cara encharcada, salgada, e apercebo-me de que ainda ficaram na cadeira as bolachas que levaste, no meio dos meus gritos, para eu comer, mas a apatia está a instalar-se e não tenho mais ânimo para as levar para a sua prateleira, para o seu próprio canto.
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