terça-feira, 24 de maio de 2011

parágrafo, travessão.

"Vamos começar a organizar isto." Estas foram as únicas palavras que me passaram pela cabeça numa frase ordenada, quando tentava satisfazer os meus caprichos de perfeccionista no meu projecto. Nosso. Quando no caos de uma mente semi-criativa, mas sempre entusiasta, surge uma ideia concretizável, o mundo abre-se em sorrisos e arco-íris. "Desta vez é que é!", diz uma voz ocasional. Arranja-se coragem, faz-se um pouco de tempo, e começa-se a desenhar os contornos do que poderá vir a ser o início de um trabalho. Mas ponha-se prazer nisso, pois estes desejos súbitos de criação são para alegrar dias cinzentos e monótonos. E lá nos íamos perdendo de novo...! Como estava a dizer, atira-se a primeira pedra do que poderá vir a ser uma torre estável no trabalho e lazer do possuídor da tal mente criativa (e entusiasta). Surge então algo palpável, uma prova da iniciativa, mas o mais difícil está ainda para vir. Não, meu caro, o que custa não é imaginar! Isso é natural, mas em vias de extinção conforme a idade do povo. Na realidade, o que custa é garantir que o tédio se mantém do outro lado da porta. Por vezes, acredita-se mesmo que a madrugada o afugentou, quando uns finos e ténues raios de sol espreitam pela fechadura. Mas isso são apenas oportunidades, hipóteses de mostrar ao mundo que o projecto está bem vivo e de saúde, muito obrigado! Porém, basta a noite chegar e logo se esquece todo o calor, logo se apaga a última chama da lareira. E é nesse ponto que nos encontramos. Dias e noites, noites e noites, tempos livres sem tempo. A vida de quem sonha não é fácil.

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