sábado, 2 de abril de 2011

Tocaram à campainha, e eu esperei — o meu coração parou, e sonhei — que fosses tu. De pantufas e pés-de-lã, fui à porta, tentando, por cada segundo que demorava a aproximação, convencer-me de que estava errada. Simultaneamente, convencia-me de que estava certa, não seria a primeira surpresa. Não abri, apenas espreitei por aquele pequeno vidro que evita os indesejados; porém logo percebi.
E a única esperança que houve, a partir de então, naqueles metros quadrados, estava do outro lado da porta, no coração de uns estranhos que sabiam o que era escolher a felicidade dos outros — acima da nossa, acima da ilusão que é querer fugir à solidão.
Virei as costas.
Com a mesma velocidade, e monotonia acrescida, regressei ao sofá, companheiro fiel de dias de apatia.

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